Um ecossistema é o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem dentro de uma determinada região mais os fatores abióticos que atuam sobre estas comunidades. Um fator abiótico consiste de tudo aquilo que não tem vida, ou seja, a água, o sol, solo, gelo, vento. O fator biótico é constituído por animais, plantas e bactérias, ou seja, aqueles que têm vida. Um ecossistema pode ser terrestre ou aquático.
Como funciona?
Os produtores são os organismos capazes de fazer fotossíntese e/ou quimiossíntese. Dentro de um ecossistema existem vários tipos de consumidores, que juntos formam uma cadeia alimentar.
Consumidores primários são os animais que se alimentam dos produtores, ou seja, as espécies herbívoras e não vegetarianas (essa terminologia é usada para os onívoros que preferem se alimentar somente de vegetais, como é o caso do ser humano). Estes animais podem ser desde microscópicas larvas planctônicas (no mar) até grandes mamíferos terrestres como o elefante.
Consumidores secundários são animais que se alimentam dos herbívoros, denominados carnívoros.
Consumidores terciários são os grandes predadores como os tubarões, orcas, leões, etc, os quais capturam grandes presas, sendo considerados os predadores de topo de cadeia. Tem como característica, normalmente, o grande tamanho e menores densidades populacionais. Obs: podem se tornar secundários dependendo da situação, como no exemplo abaixo.
Cadeia formada por: produtor, consumidor primário e consumidor secundário.
Decompositores ou biorredutores são os organismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, transformando-a em nutrientes minerais que se tornam novamente disponíveis no ambiente. Os decompositores, representados pelas bactérias e fungos, são o último elo da cadeia trófica, fechando o ciclo.
Em outras palavras, para o bom funcionamento de um ecossistema, é necessário que tudo esteja controlado sem a ação de outros organismos agindo contra. É aqui onde entram as espécies invasoras.
Quem são estas espécies?
São aquelas introduzidas, de alguma forma, consciente ou inconscientemente em um habitat que não é de origem daquela espécie. Consciente porque o homem é mestre em querer adquirir espécies como animais de estimação e, quando o bicho cresce, simplesmente descartam jogando na natureza e ainda por cima, acham que estão fazendo um bem para a natureza – o que não é verdade!
Um caso muito comum no mundo todo é a Austrália. Para conter o grande crescimento de insetos, foi introduzido o sapo-cururu (Rhinella marina). Ele não só deu conta do recado como se reproduziu muito bem e começou a competir com as espécies de anuros daquele continente. As rãs, pererecas e até outros sapos de pequeno porte estão correndo um risco muito grande, pois o sapo-cururu é imenso e voraz em sua alimentação. Por sua vez, outros animais que se alimentam de anuros, começaram a morrer porque o veneno que esta espécie produz é muito maior do que seus organismos podem assimilar. Há casos de serpentes, mamíferos e até aves que estão ameaçadas por se alimentarem deste sapo.
Sapo-cururu (Rhinella marina)
Ainda na Austrália, foi introduzido coelhos para se alimentarem de uma erva daninha que estava tomando conta de alguns habitats. Os coelhos se reproduziram muito bem e em grandes números e, posteriormente, acabaram se tornando as próprias pragas, pois estes, se alimentavam também da lavoura do homem. O que aconteceu?
Os ratos são um dos mamíferos mais prolíferos do mundo. Excetuando os pólos, pois são estremamente frios para seu organismo, eles se adaptam em todos os tipos de ambientes, isto se deve também ao fato de comerem qualquer coisa que encontrarem. Cada fêmea pode gerar mais de 12 filhotes a cada 22 dias, e em um ano, ela gera uns 192 filhotes. Multiplicando esse valor somente por 100 ratas vamos obter 19.200 ratinhos novos para comprometer a Austrália. E agora?
Uma fêmea minha gerou 13 neonatos.
A “solução” encontrada foi a introdução de aves de rapina, gatos, como predadores. E aí continua o ciclo.
Bem, isso foi o caso consciente. Existem os casos de introdução de espécies onde o homem não percebe que introduziu ou faz de conta que não percebe, é o caso da água de lastro.
A água de lastro, utilizada em navios de carga como contrapeso para que as embarcações mantenham a estabilidade e a integridade estrutural, é transportada de um país ao outro, e pode disseminar espécies "alienígenas" (que não é dali; é outro nome para invasoras e introduzidas) potencialmente perigosas e daninhas.
Navio eliminando água trazida de outro lugar.
As espécies não aparecem ou invadem um lugar do nada. Geralmente isto ocorre, pois houve intervenção humana no habitat original delas.
Existem animais que migram para outros ambientes, mas isto faz parte da biologia deles, como é o caso de gnus, borboleta-monarca, cegonhas, águias, flamingos, gansos e muito outros.
Brasil
Ninguém sabe, mas nosso país não está livre das espécies invasoras. Os europeus trouxeram muitas espécies como o pardal, a pomba-doméstica, enfim, dentre outros. Também, muitas lojas de animais, vendem aquelas tartaruguinhas de aquário (norte-americana) com a promessa que não crescem, aí o povão compra e depois quer soltar em qualquer lugar, porque o bicho cresceu demais e não tem mais onde deixar. Isto acontece com répteis, aves, mamíferos, peixes, anfíbios, insetos dentre tantas outras.
Exótico e nativo
Outro dia, enquanto segurava um papagaio-de-peito-roxo no zôo onde trabalhava, um casal se aproximou e disse: “Nossa, que ave exótica bonita!”. Eu sorri e falei um pouco sobre a biologia do bicho.
A palavra “exótico” é usada para aqueles que não fazem parte do ambiente em que estão. Um rinoceronte, no Brasil, é exótico. Na África, ele se torna “nativo”, isso porque ele é originário de lá. A onça-pintada é nativa do Brasil, porém, é exótica na França.
Mas, o que acontece se eu levar um animal que só existe no nordeste brasileiro para o sul do país? Pois bem, este animal é nativo do Brasil, mas é exótico no sul do Brasil.
Alguns invasores
Mexilhão Dourado (Limnoperna fortunei)
Origem: China e Sudeste da Ásia
Rã-touro (Lithobates catesbeianus)
Origem: América do Norte
Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus)
Origem: África e Oriente Médio
Bico-de-lacre (Estrida astrild)
Origem: África
Caramujo-africano (Achatina fulica)
Origem: Leste da África
Desperte sua curiosidade e pesquise mais sobre esses magníficos animais!
Agradecimentos:
Bióloga Raquel Fiuza: parte da matéria
Bióloga Glaucilene Ferreira Catroli: correção de nome científico
Próxima matéria: TIGRE VS HOMEM
Abraços!
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