SAUDAÇÕES!

A cada dia vemos a necessidade de ajudar o planeta de alguma forma. Enquanto algumas entidades discutem em congressos mundiais, podemos, em nossa própria casa, bairro, cidade ou região, ir dando um apoio também.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL é uma forma de atingir metas. Através dela podemos levar conhecimentos e dinâmicas para diversas pessoas, inclusive as crianças, que são solos férteis para o cultivo dessa idéia e também nunca esquecendo dos adultos.
Hoje estou mostrando um pouco de tudo que há de belo e diferente no mundo. A função do "ZooTerra" é emergir novidades. Quem sabe você, ou seu próprio filho, não desperte uma vontade de estudar tal bicho futuramente e contribuir para o mundo?
Por isso tudo, lanço uma pergunta: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARA SALVAR O MUNDO?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

por Herton Escobar
Fonte: estadao.com.br/ciencia


Hoje vou fugir um pouco do formato básico deste blog para fazer uma reflexão editorial sobre um tema que foi levantado esta semana em meio às chamas que destruíram a coleção de cobras e aranhas do Instituto Butantan (IB).

Em entrevistas à imprensa, o ex-diretor da Fundação Butantan (braço privado do IB, que faz a gestão financeira do instituto), Isaias Raw, defendeu a priorização da produção de vacinas no Instituto e menosprezou as pesquisas feitas com a coleção. Disse que a função do IB era salvar vidas e não “ficar brincando com cobra” e que a ciência feita pelos pesquisadores da coleção era de “quinta categoria”.

Logo, vieram me perguntar: “Mas e aí, os caras lá são bons mesmo?”

Essa pergunta é extremamente difícil de ser respondida. Em geral, quem tem um bom conhecimento de ciência olha para um cientista e sabe se ele é bom ou não é. Mas como é que você “prova” isso estatisticamente? Sem conhecer nenhum dos pesquisadores do Butantan pessoalmente, como é que você definiria se eles são cientistas de primeira, segunda ou terceira categoria?

Ironicamente, definir um bom cientista cientificamente não é nada fácil. Seja qual for o parâmetro escolhido, alguém sempre acaba injustiçado. Tanto que a definição de mérito para distribuição de bolsas e seleção de projetos é um dos temas mais polêmicos da política científica – não só no Brasil, mas no mundo todo.

Por exemplo: Quem é o melhor cientista, aquele que publica mais, aquele que ensina mais, aquele que patenteia mais, aquele que faz pouca pesquisa, mas atrai muitos recursos (financeiros e humanos) para sua instituição…?

E se considerarmos apenas as publicações, quem é o melhor: aquele que publicou 10 trabalhos medianos em 1 ano, ou aquele que publicou 1 trabalho revolucionário em 10 anos? Aquele que só publicou trabalhos medianos certamente não vai ganhar o Prêmio Nobel, mas talvez ele tenha orientado e formado muito mais alunos do que aquele que fez uma descoberta bombástica no mesmo período. E aí? Quem é o melhor cientista? Quem merece ganhar mais dinheiro e ter ar-condicionado na sala?

A resposta “correta”, claro, é que precisamos de todos os tipos de cientistas. Precisamos de pesquisadores audaciosos, empreendedores, do tipo Craig Venter, que buscam descobertas revolucionárias e não perdem tempo com “picuinhas”. Precisamos de pesquisadores-professores inteligentes, que se dediquem a formar jovens cientistas competentes e fazer boas pesquisas, sem se preocupar necessariamente em ganhar um Prêmio Nobel. Precisamos também de bons cientistas curadores, educadores, expositores, oradores, escritores, divulgadores, que talvez nunca publicaram um trabalho de impacto, mas que sabem transmitir o conhecimento da ciência para o grande público de maneira inteligente, seja na forma de um livro ou de uma exposição, fazendo com que as pessoas entendam, apóiem e se entusiasmem pela ciência. Etc.

Aos olhos de alguém como o Dr. Isaias, que dedicou sua vida ao estudo e à produção de vacinas, o trabalho de alguém que dedica a vida a descrever espécies de cobra guardadas em vidros com álcool pode parecer totalmente irrelevante. Mas obviamente que não é. Claro que a importância da produção de vacinas é inegável, inquestionável, mas as milhares de pessoas que visitam o Instituto Butantan todos os meses não vão lá para olhar as fábricas de vacinas. Vão lá para ver as cobras e aprender sobre elas! Ou alguém aí já viu uma criança com a cara grudada no vidro e a boca aberta de espanto olhando pela janela de uma fábrica? “Mamãe, olha só aquela linha de produção, que incrível!!! Tira uma foto?”…. Acho que não.

Pois então: é só graças a essas coleções biológicas e graças ao trabalho desses cientistas “de quinta categoria” que conhecemos os nomes, os habitats e o comportamento de todas essas cobras e aranhas fascinantes. Que graça teria viver cheio de saúde num mundo sobre o qual não conhecemos nada?
Ciência não precisa salvar vidas nem ganhar Prêmio Nobel para ser boa. Só precisa ser boa.