SAUDAÇÕES!

A cada dia vemos a necessidade de ajudar o planeta de alguma forma. Enquanto algumas entidades discutem em congressos mundiais, podemos, em nossa própria casa, bairro, cidade ou região, ir dando um apoio também.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL é uma forma de atingir metas. Através dela podemos levar conhecimentos e dinâmicas para diversas pessoas, inclusive as crianças, que são solos férteis para o cultivo dessa idéia e também nunca esquecendo dos adultos.
Hoje estou mostrando um pouco de tudo que há de belo e diferente no mundo. A função do "ZooTerra" é emergir novidades. Quem sabe você, ou seu próprio filho, não desperte uma vontade de estudar tal bicho futuramente e contribuir para o mundo?
Por isso tudo, lanço uma pergunta: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARA SALVAR O MUNDO?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

AVEspertinha

Olá.

Você já deve ter percebido que neste mundo tem muitos espertinhos. Tem aquele seu colega que quer levar vantagem em tudo; aquela promoção que só você acha que está ganhando, mas que na realidade quem ganhar é o vendedor, enfim, são tantos exemplos. Talvez você não saiba, mas a natureza também tem seus truques. Não pense que só seres humanos são espertos e inteligentes.

Hoje vamos falar um pouco sobre as aves parasitas.

Cuco... cuco...
Quem nunca viu algum desenho, do Pica-pau ou Tom & Jerry, onde havia um relógio na parede “cantando” o tempo todo e não os deixava dormir? É quase um clássico não é?! Pois bem, aquele bendito cuco existe sim, é da ordem dos Cuculiformes e vive na Europa e Ásia.

Diziam os antigos que tais relógios eram feitos com a ave empalhada, mas a verdade é que a ave é entalhada na madeira. Porém, alguns humanos sarcásticos adaptaram a idéia e começaram a fazer piadas de mau gosto com as aves, como mostra a figura a baixo.

Fora da época do acasalamento o cuco leva uma vida solitária. Alimenta-se de pequenos invertebrados, sobretudo insetos. Larvas peludas de insetos são um de seus alimentos preferidos. Possui dimorfismo sexual, ou seja, macho e fêmea são diferentes, neste caso, quanto sua coloração.
Cuco (Cuculus canorus), macho e fêmea

O cuco é péssimo pai e prefere destinar esta tarefa a outras aves. Quando um pequeno deixa por instantes seu ninho, a fêmea do cuco retira um ovo e bota um dos seus no lugar. Essa operação leva poucos segundos.

Aparentemente as diferenças quanto ao tamanho e cor são bem nítidas, mas para a ave parasitada não tem importância. Ela ficará olhando por alguns instantes e voltará a incubar os ovos. Há casos onde o ovo do cuco é muito parecido com os ovos de outras espécies de aves parasitadas.


Geralmente, os ovos do pássaro hospedeiro requerem treze a quinze dias de incubação e o ovo do cuco apenas doze. Assim o filhote de cuco nasce primeiro.

Depois de 1 a 2 dias, o filhote de cuco joga os outros ovos para fora do ninho, erguendo-os nas costas, com o auxílio das asas. Se já tiverem eclodido, joga também os filhotes.


A “mãe adotiva”, supondo que o cuco é seu filho, cuida dele com todo o carinho. Com apenas três semanas ele já ocupa o ninho inteiro.



Aqui no Brasil também tem cuco, mas eles são diferentes morfologicamente comparados com seu primos europeus.



CHOPIM

No Brasil temos um representante parasita também. Ele se chama chopim, vira-bosta ou maria-preta. É provavelmente a ave mais odiada do Brasil, principalmente por causa de seus hábitos reprodutivos parasitários, pois nunca cuida de seus próprios ovos, sempre os botando nos ninhos de outras aves para que elas criem seus filhotes.

Mede cerca de 20 cm. O macho adulto é preto-azulado, mas dependendo da iluminação só se enxerga a cor negra. A fêmea é marrom-escura.

Entre julho e dezembro marca o início da reprodução, mas é após o acasalamento que inicia-se a fase pela qual a espécie é mais conhecida. Esta espécie não constrói ninho e a fêmea põe 4 ou 5 ovos por postura, sendo 1 no ninho de cada hospedeiro.

O tico-tico
(Zonotrichia capensis) é muito parasitado e a adaptação vantajosa para o vira-bosta é a postura de seu ovo antes, ou no mesmo dia, daquela do primeiro ovo do hospedeiro. Como o período de incubação do vira-bosta é de 11 ou 12 dias, um a menos do que o do tico-tico, seu filhote, que é bem maior, nasce antes. Desta forma, o filhote do vira-bosta pode eliminar do ninho seus companheiros tico-ticos ou receber mais alimento, tendo maior probabilidade de sobrevivência.


Abaixo alguns pobres coitados parasitados:




AVES MELHORES ADAPTADAS

Vimos que há aves “espertinhas” como o cuco e o chopim que deixam outras aves cuidarem totalmente de seus filhos, desde a incubação até a idade adulta praticamente. Porém há um pássaro australiano que não cai nessa jogada: o Diamante-gold (Chloebia gouldiae).




Os Diamantes-gold são aves pacíficas e gregárias que gostam de companhia. Na natureza, vivem em grandes bandos. Os machos não lutam entre si e, mesmo durante a época de reprodução, o grupo vive harmoniosamente em conjunto. Em cativeiro estas aves devem ser mantidas em grupos, em vez de casal ou mesmo individualmente. É aconselhável ter mais machos do que fêmeas, de modo a permitir que estas possam escolher um parceiro.

A escolha do ninho é feita com muito critério e cuidado. Somente ninhos em perfeitas condições serão utilizados. O casal escolhe buracos com uma profundidade bem comprida deixando seu interior o mais escuro possível. Quanto mais escuro melhor.



Mesmo na Austrália há aves parasitas como podemos ver na Europa, Ásia e em nosso continente. Mas, esta espécie passa por essa desagradável situação com um simples detalhe: seus filhotes brilham no escuro! Daí a importância de um ninho bem escuro. Ao ser alimentado, o filhote escancara a boca e quatro pontos bem vivos e brilhantes servem para orientar os pais na direção certa que o alimento será colocado. Além disso, se os adultos vêem outro padrão de cor, não irão alimentar e deixarão o intruso de lado, sendo descartado posteriormente.


Desperte sua curiosidade e pesquise mais sobre esses magníficos animais!

Abraços!


Agradecimento:
Bióloga Valéria Bueno pela sugestão da matéria

Guia ilustrado O MUNDO DOS ANIMAIS – Aves I
Guia de Campo: AVES da Grande São Paulo

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

TIGRE VS HOMEM

Talvez o certo fosse perguntar: ainda existe espaço suficiente para homem e animais viverem juntos e de forma harmoniosa?

A resposta para esta questão não é tão incerta assim. A verdade é que não há mais espaço para homem e animal coexistirem. Claro que, para animais da Amazônia, que só habitam ali, ou seja, são endêmicos, é muito provável que ainda há muito lugar para eles. Porém, para o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), já não é mais possível, pois o homem já devastou uma boa parte da mata-atlântica que é o habitat ideal para estas aves.
MAS O QUE FAZER ENTÃO?

Para esta pergunta pertinente é importante saber que o homem está crescendo muito em número. É triste falar desse jeito, mas as pessoas não morrem mais! Repare que a expectativa de vida do ser humano aumentou nos últimos anos, e com ela o consumismo que caminha paralelamente, de forma impulsiva e marcante.

Um panda-gigante (Ailuropoda melanoleuca) só vive em dois lugares atualmente: nas florestas/reservas de bambu da China; ou nos zoológicos que gastam milhões a cada ano para manter um cativo.
E por que isto está acontecendo? Por causa do alto índice de natalidade e consumismo.

Nada contra nossos irmãos de olhos puxados, mas estou começando a achar que existem mais chineses do que animais naquela região.
A China é um ótimo exemplo, mas ela não é a única culpada. Todos somos!

TIGRE

O tigre é o maior dos felinos. Mesmo velho, fraco ou ferido, pode atacar o homem. Para tentar evitar isso, os povos asiáticos, procuram usar uma máscara na nuca, pois desta forma, quando um tigre ver o homem, pensará várias vezes antes de atacar. O tigre fica estrategicamente escondido por entre a mata e é quase impossível vê-lo. Quando ele vê que “alguém” o está encarando, no caso da máscara, ele acaba recuando e procurando outra presa, mesmo se tratando de uma presa potencialmente fraca, como o homem.
Leva uma vida solitária, exceto na época reprodutiva quando macho e fêmea se juntam temporariamente e compartilham o mesmo território. Após a cópula, a fêmea se torna agressiva com o macho e o expulsa de seu território, pois se ele estiver ali quando os filhotes nascerem é possível que ele mate seus próprios filhos (ao contrário do que já ouvi o Gugu dizer em seu programa), afinal, se tornarão competidores futuramente.

O território do macho engloba o de duas ou três fêmeas, que é demarcado constantemente com urina, fezes e arranhões nas árvores, ambos os sexos.
Quando se depara com um rival, a princípio, existe uma troca de informações, como por exemplo, orelhas se mexendo, rugidos, patadas ao ar, os dentes são postos a mostra e somente se nada disso funcionar é que saem para a briga.

É um animal extremamente forte e paciente: chega a ficar horas aguardando uma oportunidade ideal para atacar sua presa. Pode carregar seu alimento por mais de 400 metros. Em média, come cerca de 5 a 7 kg de carne por dia, mas pode comer até mais de 30 kg em casos especiais.


Este felino é considerado o maior dos carnívoros (alguns classificam o urso-polar como sendo o maior, mas ele não é totalmente carnívoro e, sim, onívoro, com prevalência carnívora).


Recentemente, em 2004, pesquisadores descobriram que alguns indivíduos classificados como tigre-da-indochina (Panthera tigris corbetti) eram, na verdade, uma nova espécie, o tigre-malaio (Panthera tigris jacksoni).

Puxa, que bacana heim! Agora temos nove subespécies diferentes. Que nada!! Temos apenas seis, pois destas, três só existem na história ou em fotografias antigas.

O tigre-de-bali (Panthera tigris balica) viveu na ilha de Bali, Indonésia, até provavelmente 1945. Ele foi caçado até a extinção da espécie. Era a menor espécie de tigre no menor espaço habitável, uma minúscula ilha. Depois que o homem pisou ali, tudo se transformou, para a pior.


Pouca sorte também teve o tigre-de-java (Panthera tigris sondaica). Extinto em 1980, esta espécie teve o mesmo tratamento que a espécie anterior: perseguição e destruição de habitat. O último animal em vida selvagem foi avistado em 1976.


Aparentemente é difícil diferenciar as subespécies de tigres, mas provavelmente o tigre-do-cáspio (Panthera tigris virgata) fosse o mai bonito. Possuía uma longa pelagem que cobria seu corpo. Era a espécie mais utilizada no coliseu de Roma. Tornou-se extinto em 1970, muito provavelmente em algum zoológico. O governo da Rússia acreditava que homem e tigre não poderiam viver na mesma região, por isso foi caçado incessantemente até sua extinção deixando o caminho livre para a colonização do homem.


Estas três espécies foram extintas por ação direta do homem, ou seja, caça (extração da pele para a confecção de casacos) e destruição de habitat. Mas hoje, além dos itens citados, estão sendo mortos por crenças populares. Os tigres vêm sendo caçados ilegalmente para a extração de partes de seus corpos, e a Ásia está ao centro de um comércio ilegal de animais selvagens que movimenta mais de US$ 20 bilhões de dólares por ano. Orientais ainda acreditam que partes de tigres são remédios milagrosos. Há aqueles que acham que a AIDS pode ser curada com este tipo de tratamento. “Impotência é curada tomando chá de testículos de tigre”. Que absurdo!


Todos já estão cansados de saber, e a ciência já provou muitas vezes, que isto não existe. Não há nenhuma parte de um tigre que possa ser a cura para certas doenças. Isto vale também para outros animais como rinocerontes, macacos, serpentes, aranhas... Ihhhh, a lista é grande.

Se não bastasse esta matança, os tigres estão desaparecendo por falta de variabilidade genética, em outras palavras, eles estão cruzando entre si: com irmãos, primos, mães, pais e isso acentua o alto índice de consangüinidade. O Gene do animal se torna fraco e sua expectativa de vida pode diminuir bastante.

Estima-se que hoje existe algo em torno de 3.500 tigres vivendo livres contra cerca de 100 mil há um século.

“Deus criou o gato para que o homem tivesse o prazer de acariciar um tigre”. Mas infelizmente o homem se esqueceu disso e foi tentar domesticar esse grande felino. Pessoas de poder aquisitivo considerável passaram a ter tigres no lugar de cachorros e, se já não bastasse, circos passaram a ter estes animais também.

Hoje em dia, zoológicos do mundo inteiro se unem para manter a salvo estas espécies. Porém, não são todos os animais que aceitam bem o cativeiro!

A VERDADE

Qual o músculo mais rápido do corpo humano?

Certo! O conjunto de músculos que compõe as pálpebras. Muito bom!

Agora, imagine que, a cada piscar de olhos, um campo de futebol (profissional, por favor) some do mapa.

Imaginou?

Você deve ter pensado “Pô, Dani, assim não teremos mais verde na Terra e, conseqüentemente, os animais que ali habitavam!”.

Isso mesmo! É isto que está acontecendo com os vegetais e animais atualmente em nosso planeta. A cada piscar um tigre some das poucas áreas que ainda restam no continente asiático, seja por destruição de habitats, perseguição ou crenças populares.

O FUTURO DOS TIGRES

Ainda é possível salvar os tigres. Além de leis contra caça predatória é preciso criar mais reservas e parques naturais onde eles possam viver e caçar. O governo dos países deve administrar a terra de maneira a favorecer o equilíbrio ecológico e proibir o uso comercial e indiscriminado dos recursos naturais.


CURIOSIDADES

O menor foi o tigre-de-bali (Panthera tigris balica) e o maior é o tigre-da-sibéria (Panthera tigris altaica).

O tigre-de-bengala não é velho e nem vive tanto assim. A média de vida de um tigre é de vinte a vinte e cinco anos, em zoológicos. O termo “bengala” é originário de uma região onde hoje é conhecida como Bangladesh.

Assim como a sua digital não existem dois tigres com as mesmas listras.

Personagem de lenda na Ásia, o tigre-branco, foi considerado por muito tempo como um “tigre-fantasma”.


ESPÉCIES ATUAIS E FANTASMAS

Abaixo as espécies que ainda restam e sua situação atual, além das três espécies que já não existem mais (fantasmas).

Tigre-da-Indochina (Panthera tigris corbetti) Em perigo
Tigre-malaio (Panthera tigris jacksoni) Em perigo
Tigre-de-Bengala (Panthera tigris tigris) Em perigo
Tigre-de-Sumatra (Panthera tigris sumatrae) Em perigo crítico
Tigre-da-Sibéria (Panthera tigris altaica) Em perigo crítico
Tigre-da-China (Panthera tigris amoyensis) Em perigo crítico
Tigre-de-Java (Panthera tigris sondaica) Extinto
Tigre-de-Bali (Panthera tigris balica) Extinto
Tigre-do-Cáspio (Panthera tigris virgata) Extinto
Fonte: www.iucnredlist.org

Desperte sua curiosidade e pesquise mais sobre esses magníficos animais!
Abraços!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ESPÉCIES INVASORAS

Para entendermos melhor a matéria de hoje é preciso saber um pouquinho sobre a biologia dos ambientes.

Um ecossistema é o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem dentro de uma determinada região mais os fatores abióticos que atuam sobre estas comunidades. Um fator abiótico consiste de tudo aquilo que não tem vida, ou seja, a água, o sol, solo, gelo, vento. O fator biótico é constituído por animais, plantas e bactérias, ou seja, aqueles que têm vida. Um ecossistema pode ser terrestre ou aquático.

Como funciona?

Os produtores são os organismos capazes de fazer fotossíntese e/ou quimiossíntese. Dentro de um ecossistema existem vários tipos de consumidores, que juntos formam uma cadeia alimentar.

Consumidores primários são os animais que se alimentam dos produtores, ou seja, as espécies herbívoras e não vegetarianas (essa terminologia é usada para os onívoros que preferem se alimentar somente de vegetais, como é o caso do ser humano). Estes animais podem ser desde microscópicas larvas planctônicas (no mar) até grandes mamíferos terrestres como o elefante.

Consumidores secundários são animais que se alimentam dos herbívoros, denominados carnívoros.

Consumidores terciários são os grandes predadores como os tubarões, orcas, leões, etc, os quais capturam grandes presas, sendo considerados os predadores de topo de cadeia. Tem como característica, normalmente, o grande tamanho e menores densidades populacionais. Obs: podem se tornar secundários dependendo da situação, como no exemplo abaixo.

Cadeia formada por: produtor, consumidor primário e consumidor secundário.


Decompositores ou biorredutores são os organismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, transformando-a em nutrientes minerais que se tornam novamente disponíveis no ambiente. Os decompositores, representados pelas bactérias e fungos, são o último elo da cadeia trófica, fechando o ciclo.

Em outras palavras, para o bom funcionamento de um ecossistema, é necessário que tudo esteja controlado sem a ação de outros organismos agindo contra. É aqui onde entram as espécies invasoras.

Quem são estas espécies?

São aquelas introduzidas, de alguma forma, consciente ou inconscientemente em um habitat que não é de origem daquela espécie. Consciente porque o homem é mestre em querer adquirir espécies como animais de estimação e, quando o bicho cresce, simplesmente descartam jogando na natureza e ainda por cima, acham que estão fazendo um bem para a natureza – o que não é verdade!
Também há casos de introdução controlada para combater certas pragas. Neste caso é introduzido um predador para que se alimente da praga em questão e, posteriormente, este predador (teoricamente) morre e fica tudo bem. Mas não é o que acontece sempre. Para ser uma ação eficaz é necessário uma série de estudos para ver se realmente dará certo. O predador pode não morrer e começar a se alimentar das espécies que não eram pragas. E aí, o que vai acontecer?

Um caso muito comum no mundo todo é a Austrália. Para conter o grande crescimento de insetos, foi introduzido o sapo-cururu (Rhinella marina). Ele não só deu conta do recado como se reproduziu muito bem e começou a competir com as espécies de anuros daquele continente. As rãs, pererecas e até outros sapos de pequeno porte estão correndo um risco muito grande, pois o sapo-cururu é imenso e voraz em sua alimentação. Por sua vez, outros animais que se alimentam de anuros, começaram a morrer porque o veneno que esta espécie produz é muito maior do que seus organismos podem assimilar. Há casos de serpentes, mamíferos e até aves que estão ameaçadas por se alimentarem deste sapo.

Sapo-cururu (Rhinella marina)

Ainda na Austrália, foi introduzido coelhos para se alimentarem de uma erva daninha que estava tomando conta de alguns habitats. Os coelhos se reproduziram muito bem e em grandes números e, posteriormente, acabaram se tornando as próprias pragas, pois estes, se alimentavam também da lavoura do homem. O que aconteceu?

Os ratos são um dos mamíferos mais prolíferos do mundo. Excetuando os pólos, pois são estremamente frios para seu organismo, eles se adaptam em todos os tipos de ambientes, isto se deve também ao fato de comerem qualquer coisa que encontrarem. Cada fêmea pode gerar mais de 12 filhotes a cada 22 dias, e em um ano, ela gera uns 192 filhotes. Multiplicando esse valor somente por 100 ratas vamos obter 19.200 ratinhos novos para comprometer a Austrália. E agora?

Uma fêmea minha gerou 13 neonatos.

A “solução” encontrada foi a introdução de aves de rapina, gatos, como predadores. E aí continua o ciclo.

Bem, isso foi o caso consciente. Existem os casos de introdução de espécies onde o homem não percebe que introduziu ou faz de conta que não percebe, é o caso da água de lastro.

A água de lastro, utilizada em navios de carga como contrapeso para que as embarcações mantenham a estabilidade e a integridade estrutural, é transportada de um país ao outro, e pode disseminar espécies "alienígenas" (que não é dali; é outro nome para invasoras e introduzidas) potencialmente perigosas e daninhas.

Navio eliminando água trazida de outro lugar.

As espécies não aparecem ou invadem um lugar do nada. Geralmente isto ocorre, pois houve intervenção humana no habitat original delas.

Existem animais que migram para outros ambientes, mas isto faz parte da biologia deles, como é o caso de gnus, borboleta-monarca, cegonhas, águias, flamingos, gansos e muito outros.

Brasil

Ninguém sabe, mas nosso país não está livre das espécies invasoras. Os europeus trouxeram muitas espécies como o pardal, a pomba-doméstica, enfim, dentre outros. Também, muitas lojas de animais, vendem aquelas tartaruguinhas de aquário (norte-americana) com a promessa que não crescem, aí o povão compra e depois quer soltar em qualquer lugar, porque o bicho cresceu demais e não tem mais onde deixar. Isto acontece com répteis, aves, mamíferos, peixes, anfíbios, insetos dentre tantas outras.

Pardal (Passer domesticus)

Pomba-doméstica (Columba livia)

Tartaruga-de-orelha-vermelha (Trachemys scripta elegans)
Em Fernando de Noronha, ilha bonita, cheia de vida e riquezas naturais também foi vítima da introdução de espécies. A ilha possui grande quantidade de ratos (inicialmente levados pelas embarcações) e estes predam os animais locais. Para conter o avanço acelerado deles uma pessoa achou que, levando os lagartos-teiú para lá iriam acabar com os ratos, já que no continente estes lagartos comiam ratos e outros animais e vegetais.

Teiú (Tupinambis merianae)

A idéia foi interessante, mas esta pessoa “inteligente” esqueceu de um pequeno detalhe: os ratos são noturnos e os teiús, diurnos. Em palavras simples, os ratos continuam crescendo e as gaivotas, atobás, andorinhas-do-mar e outras aves estão servindo de alimento para os lagartos. Talvez, a grande dica aí, fosse levar répteis do mesmo sexo, mas isso não tiraria o problema dos ratos, pois eles saem de noite, enquanto os lagartos estariam dormindo.


Exótico e nativo

Outro dia, enquanto segurava um papagaio-de-peito-roxo no zôo onde trabalhava, um casal se aproximou e disse: “Nossa, que ave exótica bonita!”. Eu sorri e falei um pouco sobre a biologia do bicho.

A palavra “exótico” é usada para aqueles que não fazem parte do ambiente em que estão. Um rinoceronte, no Brasil, é exótico. Na África, ele se torna “nativo”, isso porque ele é originário de lá. A onça-pintada é nativa do Brasil, porém, é exótica na França.
Mas, o que acontece se eu levar um animal que só existe no nordeste brasileiro para o sul do país? Pois bem, este animal é nativo do Brasil, mas é exótico no sul do Brasil.

Alguns invasores

Mexilhão Dourado (Limnoperna fortunei)
Origem: China e Sudeste da Ásia

Rã-touro (Lithobates catesbeianus)
Origem: América do Norte


Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus)
Origem: África e Oriente Médio

Bico-de-lacre (Estrida astrild)
Origem: África


Caramujo-africano (Achatina fulica)
Origem: Leste da África

Desperte sua curiosidade e pesquise mais sobre esses magníficos animais!

Agradecimentos:

Bióloga Raquel Fiuza: parte da matéria

Bióloga Glaucilene Ferreira Catroli: correção de nome científico

Próxima matéria: TIGRE VS HOMEM

Abraços!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

VESPA PARASITÓIDE


Semanas atrás dei uma entrevista para um grupo de futuros jornalistas que estavam fazendo uma matéria para o TCC. Após várias perguntas e respostas também gravaram alguns bichos e perderam o medo de outros tocando em uma serpente.

Enquanto estávamos gravando no quintal de minha casa, uma das jornalistas apontou para o telhado e disse: “Olha, você cria abelhas também!?”. “Na realidade não se trata de abelhas”, respondi. “São vespas!”, concluindo. As jornalistas se entreolharam e acho que pensaram: “E não é a mesma coisa?”

Sempre encontramos esses erros, mas ninguém é obrigado a saber essas diferenças. Vamos ver melhor isto...


Abelha


Denominação comum aos diversos insetos da ordem Hymenoptera, onde também estão presentes as vespas e formigas. O representante mais conhecido é a Apis mellifera, originária do Velho Mundo*, que é criada amplamente para a produção de mel.

Apis mellifera


Abelhas do Novo Mundo** não possuem ferrão. A maioria destas pertence ao grupo das Meliponini. Apesar de não estarem classificados como Novo Mundo, também há algumas espécies na África e Austrália (Novíssimo Mundo***).

Jataí (Tetragonisca angustula)


* Velho Mundo compreende os continentes já conhecidos pelos europeus, como a Europa, Ásia e África;

** Novo Mundo é um dos nomes dados à América pelos europeus na época de sua descoberta. O continente era novo para os europeus;

*** Novíssimo Mundo é indicada para a Oceania por se tratar da última grande região do planeta a ser “descoberta”.



Vespa

Da mesma ordem das abelhas, Hymenoptera, são divididas em duas subordens Apocrita e Symphyta. As larvas Apocrita são carnívoras ou parasitóides, enquanto as Symphyta são herbívoras. No Brasil são conhecidas como “marimbondos” as vespas da família Vespidae, Pompilidae e Sphecidae. Em algumas regiões também são chamadas por zangões. As vespas são extremamente importantes no controle biológico uma vez que quase todos os insetos considerados como praga têm uma vespa como predador natural.

Vespa parasitóide

Antes de tudo, parasitas são animais que buscam garantir, através de um ser de outra espécie, algum benefício que não são capazes de conseguir sozinhos. As vespas parasitóides, parasitas, ou ainda vespa tarântula, são aquelas carnívoras que se alimentam justamente desse hospedeiro.

Elas costumam procurar por uma lagarta, aranha ou até mesmo outro animal ao qual será seu “voluntário” para sua investida. Ao achar a vítima, com diversos rasantes e várias tentativas, pois nem sempre é tão fácil assim, a vespa dá uma ferroada no futuro hospedeiro. Seu veneno paralisa temporariamente o animal enquanto ela introduz um ou mais ovos no mesmo. Há casos que o hospedeiro continua levando sua vida normalmente e outros que são mantidos frescos, dentro de um túnel ou qualquer outro lugar protegido, onde as larvas nascerão posteriormente e se alimentarão dele durante este seu desenvolvimento.

Vale lembrar que a picada de uma vespa é tão dolorida que em certos casos pode desencadear uma série de complicações, especialmente se a pessoa for alérgica a picadas se insetos.

IMPORTANTE: Ao ser picado por qualquer tipo de vespa, abelha, ou outros animais dotados de veneno é de extrema importância procurar um médico capacitado para o bom atendimento do paciente. Evite as práticas caseiras, pois não têm fundamentos científicos e quando funcionam foi por coincidência. Estas atitudes dificultam e prejudicam ainda mais o estado do paciente. Portanto, cuidado!


A vespa, com aproximadamente 5 cm, captura uma aranha caranguejeira.


Após abrir um buraco ou montar o abrigo a vespa coloca o hospedeiro no seu interior e tampa a entrada com pedras colocadas como um quebra-cabeça.


Observe que, enquanto a vespa tenta depositar o ovo em uma lagarta, um macho tenta acasalar (Foto: Renato Caleme, tirada no Zooparque em Itatiba/SP).

Esta Ampulex compressa usa como hospeiro uma barata.

Abaixo um vídeo feito durante um dia de trabalho. Neste dia não sabia o nome da bendita, mas tive que procurar para colocar em um mini-curso sobre animais peçonhentos. Ela é conhecida por Vespa-tarântula (Pepsis ruficornis), tem 5 cm e vive no interior de matas. No filme ela captura uma aranha armadeira (Phoneutria nigriventer) fêmea adulta.



Vespa-tarântula (Pepsis ruficornis)


Desperte sua curiosidade e pesquise mais sobre esses magníficos animais!


Agradecimento:

Biólogo William Zaca: Sugestão da matéria

Próxima matéria: ESPÉCIES INVASORAS

Abraços!